sexta-feira, 31 de julho de 2009

Kiev - a capital suave

A cidade de Kiev nos trouxe uma tranqüilidade diferente de Moscow e São Petersburgo, que são bastante agitadas. Aqui as ruas e avenidas são movimentadas, mas as calçadas são largas, há muitos lugares bonitos para passear e o transporte público funciona. As pessoas são mais tranqüilas que os russos. São mais relaxados na roupa, nos costumes, no jeito de tratar, gostam muito de ajudar. Parecem mais com os brasileiros, neste sentido.

Ah, e não tem tantos guardas vigiando cada passo das pessoas para capturar imigrantes ilegais dos países da antiga união soviética. Nós entramos um pouco nesta paranóia na Rússia, pois não nos "registramos" no país, algo que os hotéis fazem automaticamente. Porém, como ficamos na casa de uma pessoa que aluga um apartamento, ele não podia nos registrar. Burocracias.

Voltando a Kiev, nos hospedamos em 2 casas, na do John, um americano que mora aqui há 4 anos e trabalha em casa, como consultor. Depois ficamos na casa de Irena, uma engenheira que atualmente é professora de yoga e com a qual tivemos muitas identificações desde o primeiro minuto: ela já foi para a Índia 2 vezes para fazer cursos de yoga e meditação; sua casa tem fotos de uma encarnação de Babagi, do Osho, da Amma, do Sai Baba e de Kalki, alguns dos gurus com os quais ela aprende; ela também adora fazer passeios na natureza. E tudo isso descobrimos sem que ela falasse praticamente nada de inglês! Ela foi super afetuosa.

Tanto a Irena quanto o John nos emprestaram seus quartos. A Irena ainda tinha mais lições para nós: ela vive com o absolutamente necessário: na cozinha há poucos utensílios muito usados, que ficam “guardados” sobre um pano no terraço da cozinha.

Na sala – que é o espaço em que ela dá aula de yoga, há mais de 20 vasinhos de flores num canto e o computador sobre uma mesinha. Ela usa o computador sentada no chão. No quarto, ela e o filho dormem em colchonetes fáceis de dobrar e guardar. Tudo é muito prático e fácil de limpar. Uma lição sobre o que é o essencial!

domingo, 26 de julho de 2009

Kiev - memórias ou novidades?

Chegamos ontem à noite em Kiev, na Ucrânia. Além de visitar uma instituição de microfinanças, o que nos traz para estes lados é conhecer um pouco a região de onde meus bisavós vieram. Nenhum veio da Rússia, como eu pensava há alguns anos, mas da Ucrânia e da Moldávia. Ainda estamos rastreando quem nasceu onde, onde estudou... e estamos descobrindo um jeito de visitar as cidades pequenas, que nem aparecem no google maps. Estou achando algumas no google earth. Os nomes mudam bastante, do íidiche ou do jeito antigo que se usava, para o russo ou ucraniano ou moldavo. Está sendo uma experiência interessante estar tão perto da "terrinha" que antes eu só ouvia falar como sendo um lugar tão distante no espaço e no tempo. Queria que minhas avós estivessem aqui também, ia ser mais legal!
Estou conseguindo "ler" em cirílico! Isto é, consigo traduzir as letras para ler seu som em nosso alfabeto. Será que eu já vivi uma vida anterior nessa região?

Moscow - passeio e entrevistas

Tivemos dias muito gostosos em Moscow. Visitamos alguns museus muito bacanas, e gostamos especialmente de um que encontramos meio por acaso, no dia em que estávamos saindo da entrevista com a Finca Rússia. Foi uma experiência que adoramos: nós saímos procurando um lugar para almoçar, e, andando na rua, de repente vimos umas esculturas em um jardim, e eram muitas esculturas e chamavam muito a atenção. Nós ficamos olhando curiosos e depois de 2 segundos um guarda/porteiro veio nos convidar para entrar. Nós vimos esculturas interessantes de pessoas, e no fundo tinha um lindo café, com mosaicos, muito bem decorado, mas muito caro. Então, descobrimos que era o café do museu de arte contemporânea, e resolvemos entrar. Tinha arte bem contemporânea, instalações, quadros muito legais. Adoramos. Muito alto astral!
Fomos também à Pushkin Galery, onde vimos alguns quadros lindos do Marc Chagal, além de quadros lindos do Matisse e de outros artistas.
Em Moscow fomos também ao show de uma banda de amigos da nossa anfitriã, a Ana. As músicas eram muito boas, de composição da banda mas com ritmos latinos, ska, entre outros bem animados. Dançamos. Que delícia!
A Ana foi super receptiva. Ela está aprendendo espanhol - fala muito melhor espanhos do que inglês, que detesta!. Ela faz capoeira. E nos convidou para dormir no quarto dos seus pais, que estão fora, de férias. Sua casa é cheia de plantas, e a cozinha é uma floresta.
Passeamos bastante a pé, andamos muito de metrô, que é uma experiência única em Moscow. As estações são grandes, os trens vão rápido, com intervalos curtos entre eles, e muita gente usa. As escadas rolantes são quilométricas!
No sábado ficamos em casa antes do nosso vôo para Kiev. Esta é uma sabedoria que temos desenvolvido: às vezes é importante tirar férias, descansar. Temos contato com muitas coisas novas por minuto: cheiros, sons, emoções, ansiedades, pessoas, informações, e tudo isso cansa. Precisa de tempo para ser curtido com calma. Viva!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Moscow – 21 de julho de 2009

Chegamos em Moscow, que fica a só 1:30 de avião de São Petersburgo, numa jornada que começou saindo da casa da Anna às 9:30 e chegando na casa da outra Ana às 23:30. Nosso avião atrasou, e a Ana de Moscow só sairia de sua aula de espanhol (!) às 22hs, então ficamos esperando por ela num café no centro. Quem nos colocou em contato com a Ana foi a Marina Tenório, amiga do Fê Vilela, que tem uma amiga em comum com ela. Ela fala espanhol muito bem e temos falado mais em espanhol do que em inglês. Ela trabalha em casa e tem sido um amor nos recebendo e oferecendo tudo o que podemos precisar. Ela é artista e sua casa é um pouco diferente da da outra Anna: não tem sala e tem uma decoração diferente em cada cômodo. Estamos dormindo no quarto dos seus pais, que estão no sítio. (Dacha).

Andamos já bastante de metrô por aqui, e para isso, nossa capacidade de entender um pouco do alfabeto cirílico tem se aprimorado muito. Eu me sinto como uma criança que anda na rua lendo tudo quanto é placa, para ver se consigo ler. Ontem, nossa anfitriã Ana foi nos buscar no metrô e, pela primeira vez, ela tomou o metrô para o lado errado.

São Petersburgo – 20 de julho de 2009

Estamos saindo de São Petersburgo, depois de 5 dias muito gostosos aqui. Nós ficamos hospedados na casa da Anna, que é filha de um casal que é amigo da prima da Maria Helena que é mãe dos meus primos Flavinha e João. A Anna também estava recebendo outras 2 pessoas pelo Couchsurfing, já que seus pais estão viajando. Ela foi super simpática, e além de nos dar várias dicas de o que fazer, como chegar nos lugares, foi também conosco passear pela cidade. Os dias estavam lindos, ensolarados, com calor de mais de 25 graus. À noite o sol se punha depois das 22hs, e só ficava escuro mesmo depois da 1:30 da madrugada, e só por 1 hora, mais ou menos. Dá pra aproveitar e passear bastante assim! Passeamos de barco; subimos no Colonade, de onde dá pra ver toda a cidade; nos admiramos com a igreja da Ressurreição e seus mosaicos MARAVILHOSOS! São tão coloridos, mostram muitas imagens bíblicas, e não valorizam tanto o sofrimento como as igrejas católicas. As cores são alegres; tem muitas flores e plantas. Que riqueza de detalhes! Estivemos no Hermitage vendo a imensa coleção de arte do mundo todo, especialmente européia, que eles têm. Passeamos muito a pé, e para vir e voltar da casa da Anna, usamos o metrô.

O apartamento da Anna deu um pouco de idéia de como vive uma pessoa de classe média em São Petersburgo. 2 quartos, uma sala, uma cozinha pequena que é também onde se come, com uma mesa para 3 pessoas ou mais, se se afasta ela da parede. A pia não é muito grande, e não tem muito onde apoiar coisas para picar etc, então tem-se que ser muito prático e eficiente, e já lavar tudo o que acabou de se usar, rapidamente. A máquina de lavar roupa fica na cozinha (como na Europa, em geral), e ela também é secadora, para os dias em que não dá pra secar no varal. O banheiro é dividido em 2 partes: uma é onde fica a privada – das pessoas e também do gato, que tem suas caixas/banheiro ali também. A outra é onde fica a banheira com chuveiro. Tem uma varanda, e no caso da casa da Anna, uma vista linda para um parque. Tira-se o sapato para entrar em casa. Ela tem um computador na sala de casa com uma boa conexão à internet, mas é um computador para toda a família, e não tem wireless.

A Anna casou-se com 22 anos e aos 25 se divorciou. Ela disse que 22 é a idade em que as mulheres casam, em geral; que elas têm filhos aos 23, e que com 25 muitas se separam. Ela não teve filhos. Pela tradição local, espera-se 1 ano depois de decidir se separar para de fato se divorciar, para que o casal reconsidere se é o caso de voltar a ficar juntos. A mãe da Anna, Galina, é Bahai de religião, e a Anna gosta muito da linha espiritual deles, já foram até para Israel fazer uma peregrinação Bahai.

Pudemos conhecer bastante da vida de uma russa jovem, conversando com a Anna, que fala inglês muito bem.

As coisas aqui são um tanto caras para os brasileiros. Por sorte nós temos hospedagem de graça, mas comer fora é bastante proibitivo, então tentamos fazer sanduíches e levar conosco no dia, sempre que possível. Um lanche rápido na rua pode custar facilmente 20 reais por pessoa! Às fezes encontramos refeições boas por 20 reais, mas em geral elas custam mais caro...

Entrevistas em Samara - Finca Rússia

As entrevistas foram muito interessantes. Além do pessoal da Finca, as clientes são mulheres fortes, que tocam seu próprio negócio, com apoio dos maridos. Elas moram em um vilarejo chamado Suhodol.

Uma é dona de 6 mercados de bairro, tendo começado com um mercadinho bem pequeno, quando se divorciou, e tinha 2 filhas pequenas. Começou sem ajuda nenhuma da família, mas com um crédito extorsivo de algum agiota. Depois que encontrou a Finca, começou a ter crédito mais sustentável, e conseguiu expandir o negócio. Hoje tem 23 funcionárias.

A outra tem uma fábrica de Pelmeni, um ravióli delicioso de carne, muito tradicional daqui. Ela tem 6 ou 7 funcionárias, compram carne dos vendedores da região, e vendem Pelmeni nos mercadinhos também da região. A tradutora foi super importante, pois as clientes não falavam nada de inglês, e nós, nada de russo. O trabalho dessa mulher, deriva muito do papel da Babushka russa, da avó que cozinha pelmeni para seus filhos e netos, algo que pode levar horas, e que a princípio todas as mulheres russas sabem fazer. Ela levou esta habilidade feminina para seu empreendimento, trabalha entre mulheres, nutrindo outras pessoas e gerando renda para sua família, nutrindo-se e nutrindo sua família desse outro jeito também. E está muito realizada, pelo jeito como fala com orgulho do seu negócio.


13/07/2009 – Rússia

No aeroporto de Moscow comemos um strudel de maçã que para mim parecia muito um Fludn, só que só tinha maçã. Está divertido passear a pé e as pessoas virem me perguntar coisas na rua, tipo orientação... em russo! Acham que sou daqui. Eu me sinto um pouco em casa quando ouço o russo, e me lembra meu avô Michel falando com a tia Lina ou com o tio Monia, tia Sônia.

Hoje descobri por que o Rô – meu irmão - nasceu com olho puxadinho: entrevistamos um cara daqui (do Kyrguistão, na verdade), que trabalha na Finca Rússia em Samara, e ele tem cara de quase chinês!!!

Com os dados que meu pai me deu, de que o pai da minha Avó Rivinha nasceu na Moldávia e a mãe na Ucrânia, eu fiz os cálculos e descobri que eu, o Rô e o Paulo somos:

25% Húngaros

37,5% Ucranianos

37,5% Moldavos

Mas como antes Ucrânia e Moldávia eram Bessarábia, então somos:

75% Bessarabos (será que é assim que se fala?) e

25% Húngaros.

Em Samara almoçamos em um restaurante típico ucraniano, e tomamos uma sopa que lembra muito a da Bivó Clara.


London, London

Passamos mais uma semana em Londres para nos organizar, entrevistar mais uma gerente chave da Fair Finance e curtir os primos do Beto – o Lu e a Katia e o João Lord. Foi ótimo, eles são tão bacanas! Dormimos alguns dias no Andrés e alguns dias nos primos. Passeamos um pouco mais, compramos um netbook – agora temos 2 máquinas para podermos trabalhar juntos-, e uma máquina fotográfica melhor, para tirar fotos dos entrevistados e da nossa viagem. Encontrei a Lud, minha amigona que está morando aqui. Jantamos num pub orgânico delicioso. Pensamos em adiar a Rússia e voltar para Findhorn, mas então pensamos melhor e decidimos ir para Rússia, Ucrânia e Moldávia, entrevistar as pessoas planejadas, conhecer estes lugares tão diferentes e especiais, as origens da minha família, e então voltar para Findhorn. Viva!

Nossa experiência lá – Experience Week


A semana de experiência em Findhorn é uma dessas coisas da vida que marcam tanto que parece que duraram 6 meses. Foi uma semana de grande contato com nós mesmos, de desenvolvimento pessoal. Alguns momentos não foram fáceis, mas saímos de lá tão plenos, tão cheios de vida, que estávamos nos sentindo em casa e no paraíso, ao mesmo tempo. Como levar isso para o nosso cotidiano? Viver mais plenamente, sempre. Ficamos muito amigos da Marja, do Sean, da Tracie, da Seynabou, além de outras pessoas muito bacanas que conhecemos. Dormíamos menos do que o normal, mas mesmo assim tínhamos bastante energia. E tivemos papos interessantes com muitas pessoas. Auto-conhecimento potencializado!

Ah, além disso, anoitecia às 23:30 e amanhecia às 2:30. E eles não têm venezianas, só cortininhas. O dia dura até você se cansar mesmo.


Voz interior

Uma outra coisa muito interessante sobre Findhorn é o seu desenvolvimento como comunidade espiritual. No começo, um casal com seus filhos e uma amiga - que perderam os empregos num hotel próximo e não tinham nada - foram morar num trailer neste local e começaram a plantar para comer. O lugar era muito inóspito, mas a Eileen, uma das mulheres, ouvia uma voz que lhe guiava para o que era melhor fazer, e que sempre funcionava. Seu marido era muito pragmático e seguia fielmente e assim eles foram se estabelecendo. Dorothy, a outra mulher, também tinha uma sensibilidade para os seres da floresta e as plantações que eles faziam num terreno arenoso davam cada vez mais e melhores frutos. Além disso, eles tinham a prática espiritual diária como uma de suas bases. Várias pessoas foram chegando para viver com eles e como eles, e a comunidade foi se formando. Durante muitos anos, a Eileen ouvia as orientações e toda a comunidade seguia, e tudo ia bem, até que uma hora esta voz-guia deu a orientação de que estava na hora de cada membro da comunidade ouvir a sua própria voz interior. No início isso gerou uma crise, mas hoje a comunidade como um todo é muito mais forte e intuitiva, trazendo mais livre-arbítrio e autonomia para cada membro. Autogestão espiritual!

Findhorn

Findhorn é uma comunidade espiritual e que busca sua sustentabilidade em todos os sentidos, plantando orgânicos, tratando ecologicamente seu esgoto, compostando, buscando financiar suas necessidades oferecendo cursos diversos, recebendo grupos e prestando consultoria. Eles têm como princípio que cada um deve buscar ouvir atentamente o que sua “voz interna”, sua intuição ou seu Eu Superior têm a dizer sobre as coisas da vida a todo momento. Então, todo dia de manha as pessoas podem escolher entre 3 meditações: uma em silêncio, uma com cantos de Taizé e outra guiada. Estas meditações acontecem nos santuários, que são lindos, e quem quiser pode ir a todos. Em alguns sentidos, lembra um kibutz, mas tem o lado espiritual muito mais presente, além do comunitário. Todos trabalham em algum departamento – cozinha, horta, jardim e cuidado da “casa”, entre outros mais especializados. Cada vez que o trabalho vai começar, a equipe inicia fazendo um “sharing”- cada um diz como está se sentindo, como está chegando para o trabalho do dia – e depois faz um “attunement”, para que todos cheguem realmente inteiros para a tarefa, e que esta possa ser de fato o outro princípio mais importante deles, que é “Trabalho como forma de colocar o amor em prática”. Claro que não é fácil passar aspirador sempre de alto astral, mas muda toda a perspectiva enxergar toda a tarefa como um serviço amoroso e não só como uma tarefa. Depois de cada turno de trabalho, a equipe faz um “Tune out” para que as pessoas vejam o que realizaram e então se desliguem disso, partindo para as próximas atividades do dia.

Lá sempre tem pausa para chá com bolachas, a comida é deliciosa vegetariana, e os membros são super alto astral. As nossas focalizadoras foram a Monica e a Marja, 2 pessoas muito bacanas, tivemos também palestrantes maravilhosos, que estavam sempre falando do coração. O Cajedo foi um que nos tocou especialmente. Todos eles sentiram ou perceberam em algum momento que seu lugar era ali, pelo menos por um tempo. E isso é muito interessante de lá, que não são escolhas muito racionais, são de coração, sentidas como a verdade de cada um. Muito respeitosas, sempre. Viva!

Quem quiser saber mais sobre Findhorn dê uma olhada no ótimo site: www.findhorn.org

Londres

Em Londres ficamos por 1 semana na casa do Andrés, da Jolanta e da Stephania, e entrevistamos a Fair Finance. A casa do Andrés é uma delícia, com um jardim onde eles plantam de tudo: tomates, pimentões, alface, rúcula, capuchinhas, temperos, entre muitas outras coisas e flores. Tem uma amoreira centenária maravilhosa também! Além de oferecer a casa, o Andrés fez um churrasco e convidou vários amigos brasileiros que moram lá, e pudemos conversar com pessoas muito bacanas e interessantes. Recepção nota 100. Nesta época estava anoitecendo às 22:30 e amanhecendo às 3:30. Passamos lá o dia mais longo do ano: 21/06.

A Fair Finance é uma instituição interessantíssima, que além de fornecer microcrédito para empreendedores aumentarem seus negócios e para início de negócios – algo raro no setor -, também dão aconselhamento financeiro para pessoas muito endividadas, ajudam-nas a negocias suas dívidas, e oferecem crédito pessoal para que as pessoas se livrem de agiotas e financeiras com juros muito altos. É uma instituição com forte motivação social, de ajudar as pessoas – principalmente imigrantes bengalis, africanos e caribenhos – a ajustar sua vida financeira e financiar suas iniciativas. O cliente que entrevistamos não conseguiu crédito antes com os bancos pois havia sido um funcionário de empresas e nunca precisou de dinheiro emprestado. Logo, não tinha histórico de pagamentos de crédito que comprovassem que era um bom pagador!

Madrid

Depois do Marrocos, passamos 3 dias deliciosos em Madrid, na casa da Marina Amorim e do Peter, passeando pela cidade, batendo papo, dormindo sonos reparadores. Fomos a um excelente restaurante: “El Pescador”, com todo tipo de frutos do mar deliciosos. Os dias estavam super quentes; eu e a Marina fomos na piscina e eu fiz uma massagem ayurvédica indicada por ela que foi muito especial. Ao chegar no espaço da massagista, tudo estava lindamente preparado, penumbra, objetos bonitos, e qual não foi minha surpresa ao deitar ver uma foto do Yogananda, olhando diretamente para mim! Sincronicidades. Valeu pela hospitalidade!

Encontramos Betão e a Fabi, que em várias oportunidades cozinharam deliciosamente, e abriram carinhosamente (o pouco) espaço em sua casa para nós. Boas conversas, jantar no indiano-tailandês-bengali delicioso. Valeu por tudo!

De Madrid despachamos por Fed Ex o primeiro lote de fitinhas filmadas no Marrocos – Oba! – e uma caixa pelo correio com 15 kgs de roupas e mochilas que usamos para o Caminho de Santiago e que não tínhamos como carregar.

Balanço das filmagens no Marrocos

No Marrocos entrevistamos pessoas ligadas a 4 instituições de microfinanças:

Fondation Zakoura

Fondation Banque Populaire

Al Amana

AMSSF/MC

e 2 instituições de apoio:

Centre Mohammed VI de Soutien a La Microfinace Solidaire

Planet Finance Maroc

Foram 24 dias intensos de muitas filmagens, organização pré e pós filmagem, agendamento das próximas instituições.

Contamos com o apoio das instituições para tradução, com agradecimentos especiais para Leila Akhmisse, Zoubida Msefer e Youssef. Contamos com o super apoio do Mr. Andaloussi, um fellow da Ashoka que nos ajudou abrindo várias portas para as entrevistas, e o apoio de Mr. Maarouf, da Planet Finance, que abriu as portas da AMSSF/MC.

Música internacional no Marrocos

Quando estávamos indo visitar esta cliente e a agência da Al Amana de Tiflet, perto de Rabat, nosso tradutor Youssef – namorado da Zoubida – nos levou em seu carro, e fomos ouvindo uma rádio marroquina que toca músicas do mundo inteiro, várias conhecidas. Ficamos muito contentes quando começou a tocar uma do Gil: ! “...toda menina bahiana tem um jeito que Deus dá...”. Delícia!

O Marrocos tem muito de internacional. Além de ser um país árabe, está na África, tendo influência africana, e está muito perto da Espanha, além de ter sido colonizado por vários países europeus, como Espanha e França.

Mulher no Marrocos

A última cliente que entrevistamos tece tapetes manualmente, em uma sala de sua casa, com mais 3 ajudantes. Os tapetes são típicos da região e são vendidos ali e exportados para vários lugares do mundo, por lojistas da região. Algo que me chamou demais a atenção é que apesar da entrevistada não usar véu cobrindo sua cabeça, o tear é um tear vertical – eu nunca tinha visto um assim antes – e ela fica atrás do tear, protegida dos olhares que vem da rua. Quando entramos e esta mulher veio nos receber, demorei algum tempo para perceber que havia outra mulher tecendo atrás do tear, que com seus fios vermelhos, funciona como um véu, como uma cortina. Assim, o tear funciona como as treliças tão comuns na construção árabe, que esconde a parte de dentro das casas, para que as mulheres não sejam vistas. A própria entrevistada falou que se sente muito bem trabalhando em casa, pois pôde criar os filhos de perto, ao mesmo tempo em que tem um trabalho e se relaciona com os compradores, os lojistas, mas ao mesmo tempo está protegida, não é vista diretamente da rua o tempo todo. Esta sua sala é aberta para o exterior, com uma porta que fica aberta durante o dia. Um local de trabalho que respeita suas necessidades culturais e religiosas, e de mãe.