quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Ashram da Amma


No Ashram da Amma, todos os dias são dias de trabalho, de meditação e de cantos, bastante parecidos um com o outro, nada fecha no final de semana. A única coisa que muda, e muito, é quando é dia de a Amma dar Darshan, seu abraço/bênção amoroso, que nos transmite uma energia especial. Ela dá Darshan às 4as, 5as, sábados e domingos, mas enquanto estávamos lá ela deu também na 6ª feira, e na 3ª para os que chegaram ou iam embora. Além disso, ela serviu almoço para todos na 3ª, depois de uma fala em que pedia para todas as pessoas do Ashram serem mais cuidadosas com os moradores da região, e não irem entrando na casa de ninguém quando o marido não estiver, se o visitante for homem.

Um dia típico no Ashram da Amma é assim:

4:50 começam a entoar os 1000 nomes da divindade, os 300 nomes da Mãe Divina e os 100 nomes da Amma.

6:00 tem chai

7:30 (Três vezes por semana )têm yoga para as mulheres, 7:00 todo dia tem yoga para os homens

8:30 começa o café da manhã. Tem comida indiana, incluída na diária, um café da manhã com escolha de coalhada, cereal, brotos de feijão, um prato indiano e mais coisas para os ocidentais – pago-, uma cantina ocidental com omelete, torradas, expresso, limonada, panquecas e por aí vai, e uma cantina indiana. Várias opções!

Nós tínhamos Seva – Serviço Altruísta, ou Desinteressado – toda manhã das 11h às 13hs. Nosso trabalho era lavar os legumes e vegetais que seriam usados no jantar. Era o máximo depois comer algo que sabíamos que fomos nós que lavamos!

Outras pessoas tinham Seva em outros horários, os mais variados, desde uns que começam às 5:00 da manhã, até outros que são esporádicos, força tarefa. Para os visitantes, o Seva dura algo entre 1 hora e 2 horas por dia. Se a pessoa quiser, ela pode oferecer ajuda por mais horas, em qualquer lugar que desejar.

Eu me encantei com uma loja Eco que tem lá, que vende produtos orgânicos, livros, roupas de algodão orgânico. Eles vendem um líquido chamado EM, que são microorganismos vivos, que podem ser usados na limpeza de muitas coisas. Na hora de lavar legumes e vegetais, por exemplo, usávamos um pouco de EM e de sal para limpar os alimentos. O EM não mata as bactérias e outros bichos nocivos, mas “come”, se alimenta deles, e ao invés de deixar o ambiente estéril, deixa-o rico em bactérias que não são nocivas à nossa saúde. Na Eco Shop elas (só tem mulher trabalhando!) vendem também uma pedra chamada Alum Stone, feito de algo que não é alumínio, e que serve para tirar o ferro da água – a água de lá tem muito ferro e muita ferrugem, então para lavar roupa é necessário fazer isso, senão mancha tudo, especialmente as roupas brancas. Esta pedra é ótima também como desodorante!!! É só molhar ela, e passar embaixo do braço. Ela não deixa as bactérias se proliferarem, mas não impede a transpiração, o que é ótimo! E não faz mal à saúde. Na Eco Shop, eles plantam trigo para fazer suco de clorofila, ou “wheat grass shots”, mas estavam sem ninguém com tempo para fazer os sucos. Como eu adorava o lugar e já tinha trabalhado um dia voluntariamente engarrafando EM, a Upassana me perguntou se eu gostaria de trabalhar lá com o suco. Eu adorei a proposta, e trabalhei lá alguns dias. Entrava às 14:15, cortava “grama”, lavava com água de beber, pesava 7g de folhas e misturava com 50ml de água, no liquidificador. Parece pouco, mas é forte. Tem um sabor levemente doce. É ótimo para fortalecer o sistema imunológico. Mas se tomar muito de uma vez, pode dar enjôo. Eu fazia uns 30 sucos por dia. Depois limpava o liquidificador. O ambiente de trabalho lá era bem gostoso. Os nomes espirituais das minhas colegas são Sahaja, Kalavita, Shivan e da outra não lembro. Além da Upassana, que era minha “chefe”. A organização do trabalho no Ashram da Amma é bem diferente do de Findhorn. Em Findhorn, os programas duram no mínimo uma semana, são relativamente caros, e as pessoas têm um compromisso de ficar o tempo planejado. Lá tem check in, tune in, sharing, várias coisas que “tiram” tempo de trabalho, mas aumentam a integração entre as pessoas da equipe. No Ashram da Amma, chega gente todos os dias, e não existe sistema de reservas. As pessoas ficam desde algumas horas até o resto da vida por lá, e muitas mudam a data planejada de ir embora. Enfim, para a equipe que coordena o Seva, é um quebra cabeça achar pessoas, e por isso sempre dão prioridade para os Sevas de Manutenção – comida, limpeza de quartos etc. Se você estiver fazendo um desses, então pode fazer outro Seva que não seja prioritário. O meu Seva na Eco Shop era destes não prioritários. Na hora das refeições sempre passava uma pessoa com o cartaz em uma placa em forma de coração anunciando os Sevas de dali a pouco que tinham urgência e que faltava gente pra fazer. Alguns eram temporários, como mover um tapete pesado de lugar, lavar o palco onde a Amma dá Darshan, ajudar a envelopar a newsletter – com a Pushpa, indiana-, ajudar a levar para o caminhão as 45.000 newsletters. Fiz alguns outros Sevas, que foram dobrar roupas na lavanderia – com a Pushpa, finlandesa -, fazer camas de campanha com plástico reciclado – com a Meenamba, americana que morou no Macapá e fala português!, cortar legumes para o almoço. Na equipe da Eco Shop também trabalhou comigo a Nandana, uma americana que viveu no Rio de Janeiro e fala português, um amor!

O meu quarto e do Beto era um quarto bem bacana, com banheiro dentro, varal, duas janelas, ventilador, espaçoso, com dois colchonetes, que de dia levantávamos para arrumar e varrer o quarto. Este quarto tinha um astral tão bacana! E tão simples! Dá vontade de viver mais simples. O Beto varria o quarto toda manhã, e nós lavávamos nossa própria roupa, que secava num instante. Lá compramos algumas roupas brancas, pois é a cor de roupa que as pessoas usam, em geral. Era um lugar bastante quente, e como é na beira da praia, bastante arenoso. O Ahram fica bem entre o mar e o “lago” de trás, que eles chamam de “backwaters”. O mar é dos bravos, não dá pra nadar. No Ashram tem uma piscina, mas não consegui me organizar para nadar. As mulheres podem usar durante uma hora por dia, e têm que usar um vestido para nadar.

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